sábado, 27 de setembro de 2008

ENTENDENDO O PERDÃO:

Entendendo o Perdão
////Luciano Subirá////

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. - Mateus 5:23,24


A reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e Deus, mas também para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à semelhança da cruz, também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical (o homem com Deus) e a horizontal (entre os homens). O mesmo perdão que recebemos de Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.

QUEM NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO

O perdão (ou a falta dele) faz muita diferença na vida de alguém. A reconciliação horizontal determina se a vertical que recebemos de Deus vai permanecer em nossa vida ou não. A palavra de Deus é clara quanto ao fato de que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos perdoará. Foi Jesus Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso:


“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. - Mateus 6:14,15


Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende. Se fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito perdoador, permanecemos na reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus. Contudo, se nos negamos a perdoar, interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida, e nossa reconciliação vertical é comprometida pela ausência da horizontal. Cristo também nos advertiu com clareza sobre isto em uma de suas parábolas (faladas num contexto que envolvia o perdão):

“Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os seus servos.

E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos.

Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga.

Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei.

E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida.

Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: paga-me o que me deves.

Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei.

Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.

Vendo os seus companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera.

Então seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?

E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida.

Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. - Mateus 18:23-35


O significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de Deus, então o rei figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida impagável, enquanto que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como comparar a dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era o equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários que o outro servo devia era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta diferença revela a dimensão da dívida que cada um de nós tinha para com Deus, e que, por ser impagável, estávamos destinados à prisão e escravidão eterna. Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em sua bondade, nos perdoou. Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus pecados e recusa-se a perdoar um irmão – seu conservo no evangelho – terá seu perdão revogado.

Isto é muito sério. As ofensas das pessoas contra a gente não são nada perto das nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta. E a premissa bíblica é de que se pudemos ser perdoados por Ele, então também devemos perdoar a qualquer um que nos ofenda.

A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO

Quem não perdoa, está preso. Lemos em Mateus 18:34: “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida”. A palavra verdugo significa “torturador”. Além de preso, aquele homem seria torturado como forma de punição. A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa. Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas torturas aplicadas são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades, debilidade física, etc.

Muita gente tem sofrido com a falta de perdão. Outro dia ouvi alguém dizendo que o ressentimento é o mesmo que você tomar diariamente um pouco de veneno, esperando que quem te magoou venha a morrer. A falta de perdão produz dano maior em quem está ferido do que naquele que feriu. Por isso sempre digo a quem precisa perdoar: - “Já não basta o primeiro sofrimento, porque acrescentar um outro maior (a mágoa)”?

Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor. Porém, eu digo que o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está ferido. Sem perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada. Em outra porção das Escrituras (onde o contexto dos versículos anteriores é o perdão), vemos o Senhor Jesus nos advertindo do mesmo perigo:


“Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão.

Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”. - Mateus 5:25,26

Não sei exatamente como é está prisão, mas sei que Cristo não estava brincando quando falou dela. A falta de perdão me prende e pode prender a vida de mais alguém. Isto é um fato comprovado. Tenho presenciado gente que esteve presa por tantos anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre. Isto também pode acontecer com você, basta decidir perdoar.

SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO

Como deve ser o perdão?

A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê-lo para poder ser perdoada? Não. Devemos perdoar como Deus nos perdoou:

“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. - Efésios 4:32

O texto bíblico diz que nosso perdão e reconciliação horizontal deve seguir o exemplo da que Deus em Jesus praticou para conosco. Então, basta perguntar: - “Fizemos por merecer o perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor também não precisa fazer por merecer”.

O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver com merecimento. O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um coração compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração, e não por haver ou não benignidade no ofensor.

Jesus disse que se eu souber que alguém tem algo contra mim, devo procurá-lo para tentar a reconciliação. Mesmo se tal pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a iniciativa, tenho que tentar.

Deus ofereceu perdão gratuito a todos, independentemente de qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!

NÃO HÁ LIMITE DE VEZES PARA PERDOAR

Certa ocasião, o apóstolo Pedro quis saber o limite de vezes que existe para perdoar alguém. E foi surpreendido pela resposta que Cristo lhe deu:

“Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. - Mateus 18:21,22

O Senhor declarou que mesmo se alguém repetir sua ofensa contra mim por quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser perdoado. Na verdade, os comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não estava se prendendo a números, mas tentando remover o limite imposto na mente dos discípulos para perdoar.

Fico pensando o que seria de nós sem a misericórdia de Deus. Quantas vezes Deus já nos perdoou? Quantas mais Ele vai nos perdoar? Se devemos perdoar como também Deus em Cristo nos perdoou, então fica claro que não há limite de vezes para perdoar!

O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM

Já falamos que há uma prisão espiritual ocasionada por reter o perdão. E que demônios se aproveitam desta situação. Agora queremos examinar um outro texto bíblico que nos mostra nitidamente que a falta de perdão dá vantagem ao diabo:


“A quem perdoais alguma cousa, também eu perdôo; porque de fato o que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”. - II Coríntios 2:10,11


O apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da situação é Satanás, o adversário de nossas almas. Disse ainda, que não ignorava as maquinações do maligno. Em outras palavras, ele estava dizendo que justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não podia deixar de perdoar.

Precisamos entender que Deus não será engrandecido na falta de perdão. Que o ofendido não lucra nada por não perdoar. Que até mesmo o ofensor pode estar espiritualmente preso. O único que lucra com isso é o diabo, pois passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a ferida do ressentimento.

A Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo (Ef.4:27). Que ele anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar (I Pe.5:8), e que devemos resisti-lo (Tg.4:7). Mas quando nos recusamos a perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.


CONSELHOS PRÁTICOS

Para aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por outro lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos práticos que serão de grande valia.

Primeiro, o perdão não é um sentimento, é uma decisão e também uma atitude de fé. Já dissemos que o perdão não é por merecimento, logo, não tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não me alegro por ter sido lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão racional. Portanto, o perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no coração por levar em consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de perdoar. As conseqüências da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do que à emoção.

É preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava seus discípulos a perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:


“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.

Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. - Lucas 17:3-5


Naquele instante os discípulos reconheceram que para praticar este nível de perdão iriam precisar de mais fé. E Jesus parece ter concordado, pois nos versículos seguintes lhes ensinou que a fé é como semente, quanto mais se exercita (planta) mais ela cresce (se colhe).

É necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo que podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão.

Muitas vezes o perdão precisa ser renovado. Depois de declarar alguém perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a ferida. Em provérbios 17:9 as Escrituras Sagradas nos falam sobre encobrir a questão ou renová-la. É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e renovar somente o perdão. Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente seu perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a mágoa!

É importante ver os ofensores como vítimas. Isto é algo especial que vejo em Jesus na cruz:


“Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. - Lucas 23:34


Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus teve compaixão deles.

Acredito que este é um princípio para o perdão fluir livremente. Assim como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, também o fez:


“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”. - Atos 7:60


Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de seu ofensor (ao menos a que manifestou no momento de te ferir), e canaliza o amor de Deus por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar arrependido em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.

CONHECENDO A CRISTO:

Conhecendo a Cristo
////Luciano Subirá////

“Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, contudo, já não o conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. - II Coríntios 5:16,17

zO versículo 17 fala sobre transformação, que é a essência do Evangelho, mas não aparece na Bíblia como um texto isolado; ele está intimamente ligado ao versículo 16, que fala sobre conhecer a Cristo. Acredito que os dois assuntos estão vinculados entre si. Toda transformação experimentada pelo crente vem em função do conhecimento que ele tem de Jesus Cristo. Há dois diferentes níveis de conhecimento mencionados pelo apóstolo Paulo no versículo 16:

O conhecimento “segundo a carne”, que pertence à dimensão natural.
O conhecimento “de um outro modo”, que por ser diferente do primeiro, e mencionado em outros lugares da Bíblia, denominamos como “conhecimento espiritual”, ou ainda de “revelação”.
Paulo declara que a forma correta de se conhecer a Cristo é esta segunda. E depois de ter feito esta afirmação é que ele fala sobre o ser nova criatura, porque isto é uma conseqüência de se conhecer a Cristo “de um outro modo”.

CONHECIMENTO SEM TRANSFORMAÇÃO

Há pessoas que conheceram a Jesus de perto, até mesmo de forma íntima, e nunca chegaram a provar o seu poder transformador. Um exemplo claro disto é Judas Iscariotes, que depois de passar anos andando com Cristo, ainda assim o traiu. E seu pecado não foi somente no momento da traição, senão poderíamos até concluir que ele falhou somente nesta hora; mas João declarou em seu evangelho que Judas era ladrão e roubava o que era lançado na bolsa (Jo.12:6); e esta informação demonstra que ele nunca foi transformado de fato.

Alguém pode chegar a conhecer muita coisa sobre Cristo sem nunca ter conhecido a Cristo! As igrejas evangélicas estão cheias de gente religiosa, que foi bem ensinada sobre como ser um “bom cristão”, mas que não manifestam transformação alguma em suas vidas! São sempre as mesmas, e não há evidências de mudança genuína. Isto se deve à falta de revelação que acompanha uma verdadeira experiência com Cristo.

Quando Paulo escreveu a Timóteo, seu filho na fé, falou acerca de algumas pessoas que estavam vivendo uma vida “não transformada”:

“Elas estão sempre aprendendo, e jamais conseguem chegar ao pleno conhecimento da verdade”. - II Timóteo 3:7

OS IRMÃOS DE JESUS

Outro exemplo de conhecimento sem transformação (segundo a carne) pode ser visto nos irmãos de Jesus. Muitos de nós temos dificuldade de enxergar isto por causa da herança católica que recebemos de que Maria foi sempre virgem, mas este não é o ensino bíblico. A Palavra de Deus declara que José e Maria não se envolveram fisicamente enquanto Jesus não nasceu. Veja o que diz a Escritura Sagrada:

“E José, despertando do sonho, fez o como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus”. - Mateus 1:24,25

Um outro texto bíblico menciona os nomes dos irmãos de Jesus:

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele”. - Marcos 6:3

A tradição católica afirma tratar-se de uma outra Maria, e que a palavra “irmão” neste texto não deveria ser entendida literalmente, mas o contexto do versículo é indiscutível: Jesus estava em Nazaré, sua cidade, no meio de conhecidos e familiares, portanto não há dúvida alguma de o reconheceram (com sua família) de fato.

Não temos os nomes de suas irmãs, mas quatro de seus irmãos são mencionados, o que nos faz saber que sua família era grande. E a Bíblia declara que seus irmãos não criam nele:

“Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui e vai para Judéia, para que também os seus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele”. - João 7:3-5

Em outras palavras, poderíamos dizer que os irmãos de Jesus lhe diziam algo assim: - “Você não é o bom? Não quer aparecer? Então vá fazer seus sinais onde a multidão está reunida!” Posso deduzir que havia muito sarcasmo e cinismo por trás desta afirmação dos irmãos do Senhor.

Um outro texto bíblico nos revela que houve uma ocasião em que os irmãos de Cristo quiseram até mesmo prendê-lo por achar que ele estava louco:

“E foram para casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. E quando seus parentes ouviram isso, saíram para o prender, porque diziam: Está fora de si... Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando de fora, mandaram-no chamar”. - Marcos 3:20,21 e 31

Imagino que se houve pessoas que puderam conhecer bem a Cristo (segundo a carne), foram justamente seus irmãos. Mas só o conhecimento natural não foi suficiente para transforma-los. Em Nazaré muitos também o conheceram sem provar transformação.

REVELAÇÃO

O verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo só se atinge por revelação, não é transmitido segundo a carne. O próprio Jesus afirmou que o apóstolo Pedro só chegou a conhece-lo devido à uma revelação:

“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns, João batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo disse-lhe: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. - Mateus 16:13-17

O que Paulo não conseguiu entender com sua mente mudou quando Jesus apareceu a ele! Há muitos exemplos bíblicos e também à nossa volta que confirmam isto. Sem uma revelação acerca de Jesus alguém pode crescer dentro de uma igreja, receber toda uma formação religiosa e até saber tudo acerca de Jesus, e mesmo assim, nunca ser transformado.

TRANSFORMAÇÃO POR UM "NOVO" CONHECIMENTO

Porém, quando esta pessoa consegue sair da dimensão de mero conhecimento intelectual e entrar numa dimensão de revelação, sua vida será drasticamente mudada. Penso que esta é uma das maiores necessidades da igreja de nossos dias.

Tiago, o irmão do Senhor (Gl.1:19) é um exemplo disto. Tanto ele como seus irmãos, não criam em Jesus. Até o momento da morte de Jesus eles sustentaram esta posição, pois não os vemos mencionados nos Evangelhos como estando por lá. E ainda reforça esta idéia o fato de que Maria estava sozinha, razão pela qual Jesus confiou o cuidado dela a João (Jo.19:26).

Só que algo aconteceu depois da morte e ressurreição de Jesus. Não temos um relato detalhado, só a menção do que houve. Mas sabemos que algo aconteceu, e que isto mudou para sempre a vida de Tiago:

“Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos”. - I Coríntios 15:7

E aquele Tiago cínico que provocava Jesus, que quis prende-lo, que não cria nele, mudou completamente. Não mudou pelo conhecimento segundo a carne de toda uma vida fisicamente próximo de Jesus, mas quando provou uma revelação do Cristo ressurreto, tudo mudou! Acredito que esta revelação foi o marco desta mudança, pois ele já passou a ser mencionado entre os que estavam reunidos no Cenáculo (At.1:14) por ocasião do Pentecostes. E Tiago se tornou uma das colunas da Igreja em Jerusalém, mencionado antes mesmo de Pedro e João:

“E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão”. - Gálatas 2:9

Por ocasião do Concílio de Jerusalém, vemos todos falando sobre o motivo da controvérsia da circuncisão ser aplicada ou não aos gentios. Pedro fala, até Paulo se levanta com Barnabé e também falam, mas é quando Tiago se levanta e fala que o assunto se dá por encerrado e concluído. Que diferença entre o irmão de Jesus visto nos Evangelhos e este grande líder que ele veio a ser!

Ele ganhou muito respeito e admiração não por ter sido irmão do Senhor, mas certamente pela vida que vivia em Deus. Pela linguagem adotada em sua epístola, percebemos que Tiago era um homem de liderança forte e que não poupava confrontos. O motivo pelo qual Pedro foi repreendido por Paulo em Antioquia foi mudar de comportamento quando chegaram alguns da parte de Tiago:

“E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois, que chegaram, se foi se retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão”. - Gálatas 2:11 e 12

Porque Pedro temeria os da parte de Tiago? Certamente pela sua liderança e influência que veio a ter entre os crentes de Jerusalém, Pedro preferia evitar confrontos com ele. Isto tudo indica o homem de Deus que Tiago passou a ser depois de ter recebido sua revelação do Cristo ressurreto.

TRANSFORMAÇÃO ESTAGNADA

Diferentemente do primeiro grupo mencionado, que nunca teve uma transformação, há muitos dentro das igrejas que tiveram uma experiência inicial de transformação. Contudo, de alguma forma, com o passar do tempo, estagnaram na fé e na experiência e não percebem mais diferença alguma em suas vidas. O que os impediu de continuarem provando a transformação?

Certamente não foi por não conhece-la, pois estas pessoas são justamente aquelas que se encontram insatisfeitas, desejosas de mudança, uma vez que já provaram-na um dia. E é preciso ressaltar que, sob circunstância alguma podemos admitir a ausência do processo de transformação, uma vez que “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4:18). Ninguém é transformado instantaneamente. Algumas áreas de nossa vida podem ser impactadas e mudadas mais rapidamente, porém não será assim em todas as áreas. Se o processo de transformação estagnou, é porque a revelação de Cristo em nossa vida também estagnou.

Precisamos retomar a busca pelo conhecimento revelado em nossas vidas, pois somente assim avançaremos no processo de transformação. A palavra grega traduzida por revelação, do grego “appocalipse”, significa: “remover o véu”. Indica a remoção de um empecilho à visão que, em nosso caso, é a dificuldade de entender as coisas espirituais.

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. - I Coríntios 2:14

Somente pela ação do Espírito Santo em nossas vidas podemos penetrar esta dimensão de entendimento. Foi o que aconteceu conosco quando nos convertemos ao Senhor Jesus:

“Mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles. Contudo, convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu”. - II Coríntios 3:14-16

Só que, com o passar do tempo, muitos de nós nos inclinamos a uma busca de entendimento meramente intelectual (segundo a carne), e isto nos rouba o processo de transformação, que não se dá só por aquisição de informação, mas pelo impacto do Espírito Santo em nosso íntimo. Não podemos parar. Não podemos estagnar na revelação de Cristo!

CONHECIMENTO PROGRESSIVO

A Bíblia nos exorta em avançar no pleno conhecimento de Deus:

“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...” - Oséias 6:3

Conhecer a Deus é um ato progressivo e contínuo. Veja o que Paulo declarou depois de anos de comunhão e intimidade com Cristo:

“Sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, para que possa ganhar a Cristo... para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte, para ver se de alguma forma consigo chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui alcançado por Cristo Jesus”. - Filipenses 3:8,10-12

Se pararmos de avançar, não alcançaremos o propósito de Deus para nossa existência. Devemos crescer até a plenitude do conhecimento de Cristo:

“Para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus – Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. - Colossenses 2:2,3

Que o Pai Celeste nos ajude a prosseguir na revelação de seu Filho Jesus!

TESTEMUNHO DE CRISTO:

Testemunhas de Cristo
//// Luciano Subirá////


“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra”. - Atos 1:8

Esta é uma palavra do Senhor Jesus dada aos seus apóstolos após sua ressurreição e antes de sua ascensão gloriosa. Contudo, não se limitava só a eles, é uma palavra que foi dada a toda Igreja. Como eles compunham o grupo inicial da Igreja, a receberam, mas esta palavra ainda revela o plano e vontade de Deus para todo cristão. Nenhum de nós foi ganho para Jesus para ficar sem fazer nada. Pedro exortou os cristãos em sua segunda epístola, mostrando-lhes que Deus não quer que sejamos “ociosos e infrutíferos” (II Pe.1:8). Temos uma responsabilidade a exercer. Fomos alcançados com um propósito:

“... mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui alcançado por Cristo Jesus”. - Filipenses 3:12

Paulo declarou que devemos alcançar aquilo para o qual fomos alcançados. Usamos um lema na igreja que pastoreio: “alcançados para alcançar”. Entendemos que Jesus nos alcançou não só para nos livrar da condenação eterna e nos levar para a glória celestial, mas também para que possamos cumprir Seu propósito aqui na terra, nesta vida.

Depois de nos alcançar, Deus colocou um alvo diante de cada um de nós: precisamos crescer e nos conformar com a imagem de Jesus e precisamos frutificar enquanto caminhamos dentro deste processo. O plano revelado de Jesus a Sua Igreja foi o de fazer de cada um de nós suas testemunhas. Vivemos para isto, e se nossa vida cristã não está servindo a este propósito é porque precisa ser remodelada ao padrão divino.

DEFINIÇÃO DE TESTEMUNHA

Durante muito tempo tive um conceito errado do que é ser uma testemunha de Cristo. De alguma forma, talvez pela ênfase das igrejas nesta direção, associei o verbo “testemunhar” a “pregar” ou “evangelizar”. Sei que o resultado do testemunho que os apóstolos levavam eram gente sendo evangelizada e que aproveitavam muito bem suas oportunidades de testemunhar para proclamar a palavra de Deus, mas testemunhar não é pregar nem tampouco evangelizar. Quando os líderes religiosos do judaísmo tentaram proibir os apóstolos de falarem de Jesus, a resposta dada por eles mostra que eles entendiam muito bem o significado de ser uma testemunha de Cristo:

“Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido”. - Atos 4:20

Para eles não se tratava simplesmente de pregar, mas sim de contar tudo o que viram e ouviram. É isto que uma testemunha faz! Quando Paulo recebeu a comissão de ser uma testemunha de Cristo, foi colocado debaixo do mesmo encargo de falar daquilo que veria e ouviria:

“Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido”. - Atos 22:15

Já testemunhei em processos legais mais de uma vez, e sei muito bem porque somos intimados a falar; não se trata de uma oportunidade de emitir uma opinião sobre algo, mas sim do dever de falar estritamente daquilo que você viu e ouviu. Você expõe fatos que você viveu. Ninguém tem autoridade para testemunhar com base no que outros viram, e sim naquilo que ele próprio viu. Isto é testemunhar. Jesus não considerou seus discípulos aptos a testemunhar somente pelo fato de o terem visto ressuscitado. Isto tinha muito peso, mas não bastava. Se testemunha de Cristo fosse só quem o viu ressuscitado, então a maioria dos crentes jamais poderia cumprir este papel, pois como declarou o apóstolo Pedro:

“A quem [Jesus], sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória”. - I Pedro 1:8

Nosso relacionamento com o Senhor Jesus Cristo é pela fé. Isto significa que podemos caminhar com Ele sem a necessidade de vê-lo e que não devemos esperar que isto aconteça com ninguém, embora Deus, em sua soberania, possa revela-lo desta forma gloriosa a alguém. Mas este não é o padrão. Então, o que Ele disse que tornaria seus discípulos aptos a testemunhar era uma experiência que se repete conosco ainda hoje! Ele disse: “recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. Há uma ligação entre o poder do Espírito vindo sobre minha vida e o testemunho que terei para dar, porque é justamente a ação d´Ele em minha vida que me permitirá mostrar aos outros que Jesus vive em mim. Nosso testemunho é fruto de uma “parceria” entre nós e o Espírito Santo. Não é uma tarefa unicamente nossa e nem tampouco só dele; Jesus falou sobre isto:

“Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que do Pai procede, esse dará testemunho de mim; e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio”. - João 15;26,27

Veja bem, se testemunhar é falar do que vimos e ouvimos, então o que mais precisamos é que o Espírito Santo nos leve a provar o poder do Jesus ressurreto em nossa vida. Vejo este princípio aparecer também numa outra afirmação, desta vez de Pedro:

“E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. - Atos 5:32

Fui batizado no Espírito Santo aos quinze anos de idade, e a conseqüência principal disto não foi apenas a de que Ele me deu autoridade para pregar, mas comecei a ter experiências com seu poder. Jesus passou a ser comprovadamente vivo em minha vida! Passei a ver o poder de Deus de diversas maneiras. Primeiro minha vida mudou e comecei a refletir o Jesus de quem eu ouvira desde criança, mas que não conseguia demonstrar em minha vida. Em segundo lugar, comecei a ver respostas às orações, livramentos, provisões e outros tantos milagres e intervenções do Senhor. Depois, algumas coisas começaram a acontecer quando eu orava por cura e libertação; as pessoas realmente eram tocadas pelo poder de Deus e eu lhes dizia: “Está vendo? Esta é a prova de que Jesus está vivo e se importa com você!”

Quando falo de Jesus para alguém, não apresento apenas o plano de salvação e a mensagem do arrependimento. Mostro, testemunhando o que Deus tem feito em minha vida, que Jesus está vivo. Quando falo que Cristo cura, conto as curas que já recebi, as que Deus operou na minha família e muito das que Ele efetuou por meu intermédio. O problema de muitos crentes hoje é que eles não tem nada para contar!

Já disse que um testemunho não é aceito quando apenas retrata algo que outro viu e ouviu. Se a polícia souber de alguém que é testemunha de um crime, não vai encher as páginas de um inquérito com o que alguém disse saber da boca da testemunha, vai chamar a própria testemunha para depor! Mas muitos crentes não testemunham de Jesus, contam apenas o testemunho de outros...

O que precisamos é do poder do Espírito atuando em nossa vida. Foi a isto que Jesus se referiu ao dizer que o poder do Espírito Santo desceria sobre nós. Precisamos buscar não só a unção para pregar, mas o poder que funciona em nossa vida. Então, quando abrirmos nossa boca, estaremos falando não só do que está escrito na Palavra de Deus, mas de como tudo aquilo se tornou real para nós!

VIVER PREGANDO X PREGAR VIVENDO

Há uma enorme diferença entre viver pregando e pregar vivendo. Alguns se tornaram pregadores de Cristo. Falam sobre Ele e o que Ele tem feito, mas não demonstram isto em suas vidas. Outros demonstram isto por meio de sua vida e dispensam até mesmo palavras:

“Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à Palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, considerando sua vida casta, em temor”. - I Pedro 3:1,2

Acredito que muitas vezes só deveríamos falar de Jesus depois que nossa própria vida conseguiu chamar a atenção dos outros. Pedro também ensinou sobre isto:

“Antes santificai a Cristo como Senhor em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. - I Pedro 3:15

O propósito deste ensino é despertá-lo a buscar o poder do Espírito Santo em sua vida. Sem ele, jamais chegaremos a ser o que Deus quer que sejamos: testemunhas eficazes. Somente pelo poder do Espírito é que romperemos numa vida cristã vitoriosa e frutífera. E quando isto acontecer, basta compartilharmos com outros o que nós temos vivido... Acredito que o processo de nos tornar testemunhas envolve três estágios distintos:
Primeiro o poder de Deus deve agir em nós

Depois contamos aos outros o que experimentamos

Então Deus confirma este testemunho com sinais

TESTEMUNHANDO O QUE PROVAMOS

Já falamos sobre buscar primeiramente a ação do poder de Deus em nós; agora quero falar sobre a importância de repartir isto com outros. Quando Jesus libertou o endemoninhado gadareno, aquele homem quis acompanha-lo em suas viagens e segui-lo, mas o Mestre lhe fez outra proposta:

“Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam”. - Marcos 5:19,20

Qual era o assunto que este homem deveria abordar ao conversar com as pessoas? Sua única mensagem era dizer o que Cristo lhe havia feito e com isto comunicar o que Deus queria fazer em favor de cada um dos homens. Quando falamos daquilo que provamos o impacto é muito maior nos que nos ouvem. O mesmo se deu com aquela mulher samaritana que Jesus encontrou junto ao poço de Jacó:

“Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele...muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito”. - João 4:28-30 e 39

No início, as pessoas foram atrás de Jesus por causa da experiência dela; depois, isto já não foi mais necessário, pois começaram a ter suas próprias experiências:

“E muitos mais creram por causa da palavra dele; e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”. - João 4:41,42

OS SINAIS QUE SE SEGUEM

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam”. - Marcos 16:15-20

Deus prometeu que avalizaria nosso testemunho com mais provas ainda. Mas o processo de nos fazer testemunhas segue, como já afirmei, um ciclo. Primeiro provamos o poder de Deus e temos nossas experiências, depois as contamos. E quando testemunhamos o que provamos, Deus fará mais para aqueles que nos ouvem. O livro de Atos também nos mostra Deus honrando o testemunho dos apóstolos:

“Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. - Atos 4:33

Muitos cristãos têm tentado entrar direto neste estágio final sem permitir que o processo se estabeleça em sua própria vida no padrão que Deus estabeleceu. Mas nunca acontecerá assim! O estágio final é quando Deus coopera conosco (que já provamos o poder) e avaliza o testemunho com mais sinais. Foi exatamente assim que se deu com os apóstolos:

“Testificando Deus juntamente com eles, por sinais e prodígios, e por múltiplos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade”. - Hebreus 2:4

É hora da Igreja romper em sinais e milagres. Mas primeiro precisamos levar os cristãos a entenderem a importância de, individualmente, experimentar o poder de Deus, para depois rompermos numa demonstração maior do poder de Deus (I Co.2:4).

Acredito que neste momento o que mais precisamos é nos voltar para o Senhor em oração, do mesmo jeito que os apóstolos fizeram no início (At.1:14). Isto desencadeará nossa própria experiência com o poder do Espírito Santo que, por sua vez, quando compartilhada, gerará ainda mais sinais para os outros. Foi assim com os apóstolos; depois de 10 dias perseverando em oração no cenáculo, foram cheios do Espírito Santo:

“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito concedia que falassem”. - Atos 2:4

Depois, ao testemunhar de Jesus na casa de Cornélio, Pedro vê Deus avalizar seu testemunho dando àquele grupo a mesma evidência do derramar do Espírito, a ponto de Pedro comparar a experiência deles com a sua própria:

“Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?” - Atos 10:47

Tenho provado isto em minha própria vida. Os sinais e evidências que eu mesmo passei a provar ao ser cheio do Espírito Santo são reproduzidos hoje por meio de meu ministério em favor de outras pessoas. Experiências novas começaram a acontecer e demonstrar em minha vida que de fato Jesus está vivo e presente ao nosso lado todos os dias. Sem isso (mesmo tendo crescido no evangelho e sabendo expor de cor o plano de salvação) eu não seria uma testemunha eficiente.

Meu desejo é que sua vida seja um reflexo da ação do Espírito Santo, mostrando assim que Jesus Cristo de fato está vivo. Que ao pregar, você possa falar não só daquilo que você soube dele, e sim daquilo que tem provado. E se você não tem provado muito, está na hora de se despertar e cumprir com sua responsabilidade de busca-lo até que Seu poder atue em sua vida a ponto de fazer de você uma testemunha eficaz! Muitos estão adormecidos e suas vidas não refletem o propósito de seu chamado. Para estes, o Espírito Santo diz:

“Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará “. - Efésios 5:14